ANTES QUE A NOITE CHEGUE

(SOLILÓQUIOS E METAMORFOSES)
Perco a vergonha e pergunto ao taberneiro se a viu não consigo aguentar mais esta incógnita dentro de mim mas o homem está de mal comigo e faz-se de desentendido que as coisas têm andado um bocado tortas da minha parte diz ele comporto-me como um garoto e já tenho idade para ter juízo, juízo que és homem e insiste na moral da questão enquanto esfrega o sebo do balcão e arranca restos com a unha mas dela não sabe nada e se soubesse também não me dizia que só quer o meu bem e ela só me leva à ruína onde já se viu um doutor como eu a andar com uma mulher da vida e drogada capaz de me roubar ou matar ou até pior cruzes que eu devia estar muito embeiçado para ter metido uma gaja daquelas lá em casa que rata todas elas têm e se o meu mal é esse anda por aí cona mais fina que receba o meu dinheiro e não me traga problemas. Bebo o último e mando-o à puta que o pariu que paguei um copo não paguei ao padre.
 

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