ANTES QUE A NOITE CHEGUE

(SOLILÓQUIOS E METAMORFOSES)

Quase meio Ano sem aparecer e é isto, este silêncio que me obriga a um silêncio de frade onde os meus tectos de florões centenários parecem agradar-se sem nada mais importar e tudo pára, a janela aberta é outro mundo descoberto e das perguntas que tenho adio porque tenho medo que ela se vá de novo, se faça ar azul e se ale desaparecendo como se eu fosse um louco cheio de interrogações para um esboço desenhado a quem dei vida e mais ninguém o veja para além de mim. A russa diz que ela não pode cá ficar que me vai roubar mas a verdade é que ela já me levou tudo o que era de valor, o resto são restos, coisas que fui amontoando dentro de casa para fingir que sou normal. Afinal nunca tive o prazer nem a vontade de dizer as palavras até aquele dia e essa dor misturada com a tinta foi única, uma sensação que não esqueci e que se instalou por dentro como uma doença que não consigo dizer, nem mesmo aos murmúrios da noite a chegar.

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