ANTES QUE A NOITE CHEGUE

(SOLILÓQUIOS E METAMORFOSES)
Estou a meter a chave à porta e cucu! Surpresa, a vizinha! Ora não é tão bom termos vizinhas que estão à coca para saberem quando estamos a chegar? Uma cartinha, e vai agitando a porra da carta à frente das minhas mão como se fosse uma borboleta que não consigo apanhar, deve ser uma coisa importante, veio pela embaixada vizinho não é que eu meta o nariz nos seus assuntos mas o carteiro estava a entregar o correio e como boa vizinha e cristã que sou, já sei vizinha, agora pode entregar muito obrigado, olhe que tem um lindo selo e o meu filho até faz coleção se o vizinho, agarro a carta e enfio-me em casa, dou à chave quase que aposto que é capaz de me arrombar a porta para me sacar o selo, uma destas agora, uma carta de África. Não quero cartas de África. Olho para as pegadas azuis e sinto uma raiva enorme dentro de mim. O que eu preciso é de um copo. E da noite adentro. Seja lá do que for. Talvez a noite dentro de um copo. Bebê-la e resolver tudo.

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