O ar da rua faz-me mal, o vinho que suja o fundo do copo raspa-me o fundo do estomago, a conversa dos velhos da tasca fazem-me esquecer o nome das palavras que quero dizer e só vem à boca o que não quero dizer, pergunto ao taberneiro se a viu, não sabe de quem falo, explico mas não quero entrar em pormenores e por isso não me liga nenhuma, só me pergunta o que me aconteceu aos óculos enfermos de adesivos para se conseguirem suster. Não lhe ligo, pede pormenores dos óculos e eu pergunto-lhe pela puta, diz que a viu passar atrás de um freguês, vazo a borra do copo e saio. Ouço a chamar-me mas não ligo, vem atrás de mim, quer dinheiro e saber o que se passa comigo e com a puta, é isto, é isto, tantos cuidados e tudo cai mal, agarra-me um braço e diz-me para ter juízo, empurro-o e não quero saber de homens que me fazem mal, subo a rua e a voz dele persegue-me pelas pedras da calçada a ecoar qualquer coisa sobre o Natal. Só a quero encontrar. Antes que a noite aconteça.
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