ANTES QUE A NOITE CHEGUE

(SOLILÓQUIOS E METAMORFOSES)
Ela soçobra devagar e os joelhos apoiam-se nos meus ombros, quero mais, quero mar, vicio-me mas ela segura-me pelo pescoço e aperta, os olhos abertos quase perdidos no contraste do azul escuro, empurra-me, não quero, quero comer-te onde agora te comi e digo-te outra vez alto, como-te, aperta-me o pescoço e obriga-me ao chão ganhando a melhor, é ela que me penetra e que me copula, eu alimento da sua fome, ela liquido da minha sede, sinto-a por dentro, voraz, toda azul capaz de me afogar e nem sequer me importo com esta inundação que sinto e me aquece todo, quero dizer que a amo mas impede-me de falar, atravessa-me o pincel nos dentes.

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