Bebo outro e peço ainda mais um mas é-me vedado esse direito, sou maior e vacinado mas não gozo da faculdade de beber o que quero, o dono corre comigo, vai-te que já estás a ficar entornado, estou é todo molhado da chuvada, anda serve-me outro, rua com o cão e estica-me o braçolho gordo e potente ameaçando enxotar-me com o pano, não sou mosca mas ponho-me a subir a calçada e a dar-lhe razão para dentro, não sei que tenho que já não aguento tanto como dantes, dantes bebía e bebía e ainda bebía e ficava direitinho, agora é isto. Estou cansado e sem respiração, subo os degraus como a vizinha a raspar os pés na madeira e a pousar as palmas das mãos na parede. No capacho está ela. Descalça. Embrulhada a si mesma e tão ensopada quanto eu. Tem os pés limpos mas as unhas estão sujas com um veio negro à volta. Meto a chave à porta e rodo. Pouso-lhe a mão na cabeça. Ela estica a mão e segura o meu pulso. Abro a porta e ela gatinha para dentro.
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