Tu deves pensar que eu estou maluco para ir nessa conversa, põe-te ao largo, nem sequer te deste ao trabalho de olhares o que eu fiz e já vens com as garras de fora para me tirares a roupa e o paleio do agora eu, não, é rua, toca a vestir e rua, e podes levar o desenho. Esta gaja põe-me doido. Faz-me ferver. Não fala, veste-se e não fala, veste-se e não olha para mim, não refila por eu correr com ela. Saiu. Vejo-a descer a calçada, uma espécie de mala de trapos à tiracolo. Descalça. Onde terá deixado o outro chinelo, só vinha com um, pois deixou-o aqui, um cemitério de um chinelo só, vai descalça e vai segura isto não é um poema, parece que sim, lembra-me qualquer coisa mas não sei de quem, uma puta a descer uma calçada descalça vai segura mas não fala e não olha e não refila e também não bateu com a porta, que rapariga é esta que é puta e é drogada e que me quer pintar. Sinto-me mal. Sinto-me a ferver. Sinto-me a sentir. Espero que a noite me dê uma pancada na cara e me atordoe para me libertar disto tudo.
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