Pinta-me diz ela e volta a despir-se sem me dar tempo de dizer não ou dizer está bem ou arranjar uma pose que é o que os pintores dizem às suas musas. Eu não a quero pintar porque não a quero despida na minha sala porque ela está suja e nunca será a minha musa. Nunca tive musas e nem acredito em tal parvoíce, musas são coisa de inclinação de pintor durante um tempo, uma paranóia que um gajo tem durante um período e depois passa, tusa, isso, são tusas e não musas. Eu não tenho tusa por esta miúda quero é vê-la daqui para fora. Ela põe-se em contra-luz na janela, os braços ligeiramente afastados do tronco, a cabeça quase de perfil. Só agora reparo no corte de cabelo tão cerrado que lhe delimita perfeitamente a linha do crâneo. Pinta-me diz ela. Está bem.
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