O trabalho. O lixo. O telefonema. É tudo o mesmo. Tudo se resume ao mesmo conceito porque aquilo que eu não queria e que prevía veio a acontecer. O chato do patrão a telefonar para saber dos prazos que é a única coisa que lhe interessa e a mim interessa-me descobrir uma casa onde se consiga adquirir o material que uso e uma mulher que venha cá a casa para limpar esta pocilga e sobretudo que parem com a porra dos telefonemas. O trabalho nunca foi o projecto porque nunca gostei dele. Arruinado pela malinha da pseudo-ruiva na raiva da sua saída levou-me muitas horas dobrado sobre o estirador mas paixão nenhuma. Afinal tudo tem uma razão de acontecer, o alivio da saída dela com a libertação do trabalho com o qual nunca tive nenhuma ligação. E a descoberta dos tectos, tudo tão próximo, tudo tão distante, tudo relativo. Despacho o patrão e digo-lhe que estará pronto dentro dos prazos, não minto, tão certo como a noite sucede ao dia, vejo o meu projecto concluído como um espelho do que me resguarda a cabeça.
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