Batem-me à porta. Deve ser cedo. Não consigo ver as horas porque definitivamente perdi os óculos. Não consigo achar as calças, embrulho-me ao lençol e pergunto de dentro quem é. É da taberna. Um recado. Não percebo. O patrão falou comigo há pouco tempo, o que é que será agora, mais prazos, que chato de merda esse gajo, não sabe que tenho o meu tempo e a porra do material que uso não aparece, que inferno. Do outro lado da porta falam e eu não percebo nada. Abro uma nesga. Fala de uma mulher que ligou. Não percebo, continuo sem perceber. Peço que ele entre. Ele entra e dá-me os óculos. Agora tudo faz sentido. Sinto-me vestido. Claro. Uma mulher que ligou, não tem nada a ver com o patrão, onde é que eu fui buscar essa do patrão, ele tem o meu número de telemóvel. Uma mulher que ligou cedo. Que horas são isto, são horas de almoço, responde o da taberna. O problema é a falta de visão. Deixa-se de ter o alcance sobre as perspectivas.
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