A vizinhança está atarefada a enfeitar a rua, do meu parapeito dou indicações, atendo aos pedidos de opinião que lá embaixo me solicitam, faço parte deste guetho do mundo em que as tradições se cumprem na alegria da união, como a sardinha a pingar e a enfedorar-me a roupa e as lembranças de outros santos a que todos assistimos e lamentamos que naquele tempo é que era. No estirador esboço os preparativos deste ano, as mulheres de seios grandes e eles de bigode fora de moda, os balões, os manjericos, coisa que te deixaría enciumada, nunca te desenhei, nunca tive vontade e não sei explicar porquê ou talvez saiba, tu não és daqui, és mais uma turista que acha graça ao povo mas amaldiçoa a calçada por te arruinar as sandálias. Ainda bem que não estás, escuso as explicações quanto aos bonecos animados e à bebedeira de tinto que me encharca até à memória as noites de luar.
2 comentários:
Bairros em festa.
Odores de infância. Musicas de agora.
De repente, o Mundo encolheu.
Sento-me na esplanada do Jardim de St. Catarina, olho o Tejo e pergunto-me o que aconteceu.
E as lágrimas enevoam-me o olhar. (É o nevoeiro sobre o rio?).
E é noite no meu peito.
Aspiro o aroma dos manjericos.
E deixo-te um beijo. Perfumado. Salgado.
Mergulhado nos prazeres de Baco...tinto não é o que mais gosto, apesar de ser pouco consumidora de alcool, gosto imenso de vinho verde e mais ainda de champanhe...
Adoro o quadro que desenhas mesmo sem o ver...
beijos
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