ANTES QUE A NOITE CHEGUE

(SOLILÓQUIOS E METAMORFOSES)
Vens um dia no outro fazes birra e hoje nem um alô. Tanto melhor, escusam-se os silêncios forçados da minha parte perante as verdades forçadas da tua. Fiquei a pensar no teu convite e neste momento já não tem tanto de surpreendente como quando o disseste, ele há coisas que sabemos mas parece que só se objectivam quando as ouvimos por outra boca que não a nossa, aquelas das manhãs na casa de banho ao espelho em que se mastiga um rol de idiotices e sentimos um alivio caustico pelo segredo dos pensamentos. O teu convite é uma dependência e eu não sou capaz de ser assim sabes bem e fico apreensivo por te saber com essa necessidade. Fizeste bem em não aparecer nem telefonar, se calhar nem voltas mais, não ía aguentar uma cena de choro e ranho, já tenho a noite para viver em função do entardecer e eu a cargo delas.

1 comentário:

AnaMar (pseudónimo) disse...

Quem sabe se não demorasses tanto a atender o telefone...