ANTES QUE A NOITE CHEGUE

(SOLILÓQUIOS E METAMORFOSES)
Entras sinuosa, nem um beijo, ainda a porta não está fechada já estás a dizer que assim não dá, assim como apetece-me retorquir, contigo a vir um dia e depois contrariada a achares que a tua ausência é o castigo que mereço, mas guardo para mim a pergunta e espero que me elucides embora suspeite que mais uma vez lá vamos nós caír naquele assunto com aquela palavra. Está a começar a tornar-se repetitivo... O que é que eu quero desta relação, mas tenho de responder sinceramente sublinhas, ora aqui é que está a questão, mais sincero é impossível e parece que é essa mesma sinceridade que está a atrapalhar tudo. Vem viver comigo, deixa isto, há espaço suficiente para os dois e tudo sería diferente, tive de me levantar, acho que este é o melhor gesto para te demonstrar que se queres que faça parte da tua casa, isto como tu lhe chamas e isto é a minha casa, terá sido uma mentira incluíndo tu, nós. Confesso que por esta não esperava. Só pelo momento da surpresa apetece-me beijar-te, abraçar-te e depois beijar-te outra e muitas vezes mas tu viras a cara para o lado e sais, bates com a porta, ouço-te os saltos na escada, na rua até o som de martelinhos desaparecer. Não esperava, mas gostava que hoje tivesses ficado comigo debruçada no parapeito até a noite aparecer.

1 comentário:

O outro lado do espelho disse...

Há momentos assim: nem sempre nos acontece o que mais desejamos. Então resta-nos esperar a noite e a companhia que não faça questão dessa palavra, que pode estragar tudo.
Bj