Silêncio. Não se ouve nada. Agora que saíste deixaste o silêncio. Mas é um silêncio estranho pois também não consigo ouvir os ruídos da rua, buzinas, os vizinhos a falarem, esses barulhos que me acompanham pela manhã. É certo que a esta hora não costumas estar aqui nem nunca fizeste parte do meu começo de dia, mas tanto silêncio... Parece que levaste tudo, não foi só o corpo, a conversa agitada logo que acordaste, os saltos a precipitarem-se escada abaixo, foi mesmo tudo, uma espécie de cenário que se arranca quando a temporada acabou. Já abri e fechei a janela, voltei a abri-la e a fechar à espera de ver a diferença do som, dos sons. Mas nada. Só tenho nesta sala tu e o silêncio. Tu e o silêncio.Vou esperar pelo entardecer, aquele fundo mesmo antes da noite tingir estas paredes. Aí volta tudo ao normal.
2 comentários:
Quando "o outro" começa a ser a ausência palpável.
Quando deixa de ser o outro e passa a ser uma parte de nós, da casa e da rua.
Com algum pudor.
Com tantas reticências, medos e interrogações.
Bom dia, um beijo.
Consegues escutar o silêncio, mesmo antes da noite tingir as paredes?
Eu não suporto o silêncio...Mas amo a noite.
Enviar um comentário