ANTES QUE A NOITE CHEGUE

(SOLILÓQUIOS E METAMORFOSES)
Gosto quando chegas atrevida e inicias as manobras de provocação em pleno patamar com poses voluptuosas em que roças a perna à ombreira da porta, fazes-me rir, estes desequilibrios entre o recatado do ontem e o lascivo de hoje são um aperitivo que não dispenso, quero mais, venha o prato principal mas tenho cá para mim que quem caça és tu e eu sou a presa pendurada pela garganta a asfixiar enquanto tu te lambes no meu sangue. Esta é uma imagem que me dá tesão, mais tesão, conto-te e tu de quatro imitas um felino a dominar a minha sala, o teu território, acabamos os dois à sombra do sofá na melhor perspectiva de uma árvore da savana. Ficas muito séria, nem vou perguntar o que foi porque sei o que é, lá vem aquela palavra que me arrepia e tento pôr-me a salvo enquanto não a dizes, começas por falar de futuro, é tipico, lá vamos nós. O futuro é a noite que há-de chegar ou o dia que há-de chegar a seguir à noite. Até lá, o entardecer e é aí que quero estar. Contigo se tu quiseres.

2 comentários:

O outro lado do espelho disse...

Porque tens medo da palavra?
Não sentes?

(Sim, nos meus cadernos guardo tanta coisa..algumas pétalas secas, aromas antigos, palavras intemporais...)

Santa Catarina! O gradeamento sobre os telhados e o Tejo , num apelo de Sol.

Bj

£ou¢o Ðe £Î§ßoa disse...

Equações de quatro.
Quase noite.