ANTES QUE A NOITE CHEGUE

(SOLILÓQUIOS E METAMORFOSES)
Que será feito dela é a primeira coisa que penso mal acordo. Há gente que se queixa que quando tem um problema leva-o para a cama e sonha muito com isso. Eu não. Infelizmente. Nunca fui muito dado a sonhos ou a pesadelos mesmo que a coisa seja grave, nem sei porquê pois também já tive a minha dose e se os sonhos fossem apanágio de quem já passou por umas quantas basta lembrar-me do meu pai e do inferno em que tornou a minha vida, um santo cabrão aquele gajo. Gostava eu era de sonhar com ela, tê-la de volta mesmo que fosse no mundo dos sonhos que a realidade não me traz nada nem ela nem noticias. Um pesadelo acordado. Onde será que se meteu e porque se foi embora sem dizer nada são tudo perguntas que me martelam a cabeça e me fazem desesperar, mais que quando a vi naquele estado lastimável. Pesadelos. Para que é que eu preciso de sonhar se tenho a realidade a atormentar-me desta maneira e nem sequer vou acordar para por um fim a um mau bocado?

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