Não é pó o que cobre os anos do esquecimento, são terras vermelhas que se acamam à medida do que se vai pedindo em troca do menos bom. Nunca achei esta casa tão pequena como hoje e no entanto nem ela mirrou e nem eu cresci, muito pelo contrário, os anos encontram-nos na posição inversa. Habituei-me a vistas largas e sem esquadrias, para que servem janelas se os olhos rodam ao largo e tudo o que se pode alcançar ao mesmo tempo é apenas aquilo que o corpo permite ver, de que me servem estes vidros tão sujos se os meus olhos trazem colados o horizonte vermelho? Talvez o melhor seja deixar-me de retóricas, lançar o pó ao barco que me trouxe e afundá-lo antes que seja dia.
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