Lá vens tu, não como ontem mas como sempre, os tacões a martelarem calçada, depois escadas, depois inquietos sobre o tapete de entrada. Ficas a olhar para mim, mãos na cintura, pergunto-me o que irá seguir-se, parece que medes forças comigo quando eu não tenho a minima intenção de travar combate algum, então chegou-te? Chegou-te, não percebo, ontem se te chegou, se me chegou o quê, aquilo que queres de mim, a única coisa que queres de mim, sexo, só sexo não é assim? Pronto, lá vamos nós. Pensei que esta plataforma estava ultrapassada, arrumada, esquecida. A partir deste instante é mais do mesmo, ruminas sobre coisas que se passaram há meses mas vem tudo desaguar nas tuas mini-férias, o gajo, a queca, a palavra, o compromisso, o medo, os traumas, os segredos, a idade, a puta de serviço, a fuga, a janela, a noite, as lágrimas. Sinto-me na condição de pagador pelo tesão de ontem. Peço-te que saias e não voltes mais. Nunca gostei de te ver chorar. Há coisas que não se sabem onde começam e porque começaram mas ainda assim o fim é incontornável.
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