Não tenho saudades. Não te sinto a falta, atravesso aquele estado de graça em que se acha ter recuperado a liberdade após o cativeiro. O passo seguinte será lembrar-te em cada objecto da minha sala partilhada, aproximar-me do parapeito e nas mãos recuperar o roçar do teu corpo contra ele enquanto atiras as vistas à rua, consigo ouvir a tua voz distintamente no eco do tempo, provavelmente suspiro. A terceira fase é dolorosamente dourada, a separação traz a memória das coisas boas, tendenciosas, acharei os teus desatinos uma graça e a insistência para que te retribuísse aquela palavra um arrependimento que não me dá sossego. É aqui que desperto da letargia poética. A realidade é que nada disto vai acontecer, eu sigo a minha vida tu a tua mas nestes dias em que o tempo é aquilo que posso fazer dele ocupo conforme me apetece os monólogos que a cabeça permite. A tua escova de dentes tem um prazo de validade, de seguida vai para o lixo. Mas há a noite recorrente que lamento profundamente que nunca tenhas entendido e isso é mesmo verdade.
3 comentários:
As tuas palavras poderiam ser minhas.
A diferença está que a realidade, mesmo sendo como a descreves, dói.
Pela ausência e pelas memórias. Do que poderia ter acontecido.
Não desistas já. Não deites fora a escova de dentes.
Como podes ter a certeza que ela não entende e que apenas quer confirmar que a esperas?
Beijossssssssssssssssssssss
Não sei se se trata da escritura de uma realidade ou se de uma inspiração... ainda assim, soube-me a exorcização.
Agora é tempo de acomodar o que houver para arrumar.
Abraço, cá de cima.
Deixa a escova mais um pouco por aí...
beijos cá de baixo!
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