ANTES QUE A NOITE CHEGUE

(SOLILÓQUIOS E METAMORFOSES)
Dá para contar as passadas, não vens naquela pressa desenfreada, antes de tocares na porta com um dedo que seja abro-te a porta, hoje não estou para ouvir o teu dedo a comunicar qualquer coisa indecifrável. Calor, queixas-te, então mas não era calor o que querías? aí o tens, engraçadinho, que é que eu disse agora para merecer o tom irónico? tu sabes, sei? sabes. E com esta deixa fico com a sensação de que vem aí dose, estou quase certo que vou ser culpado de estar calor e de ter chovido no primeiro dia da tua ida, calo-me, espero. Não tens nada para me dizer? Eu sabia! Mas não respondo, olho-te nos olhos e aguardo que prossigas, a retórica é uma arma de arremesso e eu já coloquei o escudo. Dás inicio às hostilidades falando de ti na terceira pessoa e como protagonista de uma história que tanto toca a mártir como a super-mulher, fazes perguntas e forneces as respostas, daqui a nada vou deixar de te ouvir, sei como sou, ouço-te mas as tuas palavras chegam-me da mesma forma que o teu tamborilar na minha porta. E a noite que cada vez chega mais tarde...

2 comentários:

Lalisca disse...

Por vezes já não existe paciência para "aquelas" conversas e quando "aquelas" conversas se tornam demais, há que reavaliar!!!


beijos (eu adoro que a noite chegue tarde)

AnaMar (pseudónimo) disse...

Estás certo que não é de mim que falas?!
:-D
Por vezes revejo-me. Mas devem ser as cores dos lápis dos desenhos que se animam, quando a noite chega e cai sobre a cidade.

Bj