Ouvi-te a subir as escadas, nada daquele pique-pique que me lembra castanholas, uma coisa lenta e arrastada, quase a dar para contar as passadas, só um toque na campainha sem o tipico morse, pergunto-me o que virá por aí, entras, até os gestos são lentos, atiras-te para o sofá calada. Que é que se passa? nada, nada? nada, mas sei que esperas que eu insista, que te faça a pergunta de várias maneiras e por diversas vezes até parecer que aceitas e que mereço as tuas confidências, estou preparado para tudo. Cansaço. Não tens descansado, não andas a dormir bem, o suficiente? Atiras-te a mim como gato a bofe, não percebes nada, não é desse cansaço é deste, mas qual? Deste! Então não se está mesmo a ver qual é o cansaço? Eu não, por isso fico calado e quieto, temo que se disser mais alguma palavra que seja ainda me enterre mais embora não saiba de que sou culpado mas que sinto que sou, sou. Choras, falas ao mesmo tempo, a voz soa distorcida e não percebo o que dizes mas não arrisco a pedir para repetires. Dou-te um lenço, quase me arrancas a mão, dizes spm, estou a zeros, não percebo, será um código, uma sigla, o morse, isto é mesmo dificil, sais disparada e bates com a porta. É aí que a noite começa a entrar na minha sala e conforme a luz se vai assim percebo claramente o teu ciclo.
1 comentário:
Leio-te tantas vezes que nem sei se já comentei...Se for o caso, não publiques.
Mas que a tua escrita é meu livro de mesa de cabeceira, é!
(E nós mulheres temos destas coisas...tipicamente femininas,queremos sempre que os homens adivinhem o que para nós parece óbvio, lol)
Tens que ter paciência. :-D
Bjs
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