ANTES QUE A NOITE CHEGUE

(SOLILÓQUIOS E METAMORFOSES)
Ligas, não podes vir, dói-te a barriga, dói-te a cabeça, comeste alguma coisa que te fez mal digo, chamas-me parvo e distraído, não percebo, do outro lado atacas-me e quase sinto o teu dedo na minha orelha a espicaçar-me, são coisas de mulher, insensível, gritas-me. Afasto o telemóvel, detesto gritos, foi para gritares que me ligaste mas de repente é que ligo as coisas e sai-me uns dias dificeis, já podías ter dito, junto tudo e pergunto-me como é que as mulheres conseguem aguentar este processo devastador mas não to digo, calo-me, devo-te todas as palavras que me queiras dizer, é o minimo, mas do teu lado há agora mais silêncio. Mando-te um beijo mas tu desligas sem me dares troco nem tempo suficiente para te dizer que te acho corajosa e assim só me resta ficar debruçado no parapeito a observar as mulheres que sobem e descem a rua enquanto o entardecer vai mudando a cor à calçada.

1 comentário:

O outro lado do espelho disse...

Há silêncios necessários. Mesmo que dolorosos.

A noite agita-se em musica.
Deixo-te uma sugestão:

http://www.youtube.com/watch?v=XvsTid667-A

Beijos