Entras lampeira de cravo rubro na mão, repenicas-me um beijo e encostas a barriga à minha janela. Vens para ver as modas, que modas pergunto eu, as pessoas de lenço vermelho e de cravo vermelho, estas todas que parece que não param de nascer e descer a rua, velhos, tantos velhos, velhos como eu digo-te e tu respondes que não é a mesma coisa. Não é por quê? Porque dormimos juntos? Repetes que não é o mesmo, é tudo uma questão de atitude e vais abanando o cravo como se fosse uma bandeirinha em dia de corso, olho para ti e lembras-me outros desfiles de janelas engalanadas que se deitam ao passar de um outro que já se finou. Isto é demais, à minha janela não, queres brincar vais para outro lado. Fecho a janela, só a volto a abrir para a noite entrar.
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