ANTES QUE A NOITE CHEGUE

(SOLILÓQUIOS E METAMORFOSES)
Gosto de sentir a tua garganta latejar como se fosse perigoso teres-me por detrás, a minha palma da mão a sentir um burburinho a descer e a subir como se não soubesses se queres mais ou pedes para ser agora, toco-te e agitas-te como um choque que me passa uma convulsão que nos electrifica, não sei de mim nem de ti nestes instantes, perdemo-nos e logo a seguir achamo-nos num liquido saboroso que me recorda a tela, azuis e terra e nós para sempre imortais num acto animal de cópula necessária porque é um alimento como o que levamos à boca. Abro a janela e a noite ainda é profunda.
 

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