ANTES QUE A NOITE CHEGUE

(SOLILÓQUIOS E METAMORFOSES)
É comum dizer-se que quando alguém se vai embora fica um vazio mas eu não sinto nada disso. Também não sinto que tenha recuperado alguma coisa perdida. Tenho a sala só para mim, a janela só para mim e o tempo para gastar como eu quiser. Talvez seja um alivio o que sinto mas nunca deixei de fazer o que sempre fiz por causa dela. Bom, havía uma coisa que eu fazía, nem sei bem como nem porquê, mas volta e meia lá me achava na necessidade de me justificar de coisas que não tinha a minima culpa e nem ligava, mas de repente começou a fazer sentido o que não tinha cabimento nenhum, a que propósito é que eu me sentía culpado do que não era? A maior parte das vezes era só para não ter que ouvir aquela ladaínha... Chateava-me também quando eu quería que fosse comigo a algum lado e ela demonstrava que aquilo não lhe interessava minimamente, uma seca, um frete. Não tenho a ilusão de ter acordado de repente e ter visto que não éramos do mesmo mundo, sempre o soube, mas não fazía mal, até me fascinava de vez em quando aquelas conversas sem pés nem cabeça. Pena que nunca me tenha explicado aquele código do bater na porta... olha, não levou a escova de dentes nem o cravo de papel vermelho.

2 comentários:

AnaMar (pseudónimo) disse...

Porque não se foi embora de vez...
É tudo uma questão de...atitude.
Bjs

Lalisca disse...

...então ainda volta;)

beijos