Traçaste a perna e abanaste o pé enquanto me ías dizendo que o grande problema da nossa relação é eu ter medo de assumir compromissos. Lá voltamos nós ao mesmo, mas hoje não há disposição para isto, regressas para me dizer que eu tenho medo? Não te respondo, dou-te a corda toda, vais cansar-te, isto é ciclico já sei, depois esqueces e daqui a uns tempos de novo a mesma ladainha, só que eu começo a ficar saturado de saber o que me espera, não basta viver o que temos e gozar o melhor possível? Falas, falas, falas tanto que deixo de te ouvir e começo a pensar noutras coisas para além de ti e de mim, desta sala, vou lá para fora, penduro-me nos candeeiros e observo a rua deste ponto critico em que se me deixar caír a perspectiva da minha vista será outra, será que subo aos céus? Abraças-me, volto à sala, a ti e a mim, nem me apercebi que já te tinhas calado, entro em ti no canto do sofá onde te aconchegaste e traçaste a perna e é exactamente quando me venho que solto a mão do candeeiro onde me pendurei e fico a saber que a perspectiva que ganho é a noite que chega.
3 comentários:
Belo relato.
Mas o que ganhas tem que ser mais que a noite que chega. Tem que ser o dia , sem os candeeiros acesos. Apenas um balançar na noite em que um sofá poderá fazer toda a diferença.
Bjs
Nota: Sabes como tirar nódoas de vinho tinto do tecido do sofá?
comecei a ouvir a tua voz e, quando disseste que começavas a estar saturado afastei-me. estava a ouvir-te indevidamente. a conversa não era comigo e eu nada tinha a ver com isso.
afastei-me.
voltei atrás.
mas continuei a ouvir-te. falavas com ela mas a tua voz, agora, soava diferente...
ps - bem, vê lá o que fazes, não vás pendurar-te no candeeiro lá de casa. olha os pesadelos...
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