Água. Diz que quer água. Olho-lhe as pupilas, pequeninas como cabeças de alfinete, os dedos dos pés, pequeninos e sujos como amendoins descascados. Ficamos à porta, para este lado não entras, bebe lá a tua água e põe-te a andar, vai curar a tua pedrada para longe e não voltes que isto aqui não é o bebedouro público, porque não foste à taberna, já tinha ido mas correram com ela, e eu com isso? Só me faltava esta, eu à espera da outra, o coração em cima da lingua pronto a cuspir tudo e aparece-me esta fuínha, no que é que eu me fui meter naquela noite em que tudo estava pardo como o raio da zurrapa que bebi, agora não me larga, é andor, não venhas cá mais, estás a ouvir? Quer mais água, está seca, não há mais água, se tens sede atira-te ao rio, fecho a porta como um tiro e odeio-me. Porque merda havía de ser esta a aparecer em vez da outra se eu já estava preparado para vê-la ao fim de tanto tempo. Agora já não estou, que não venha mais. Que nada venha mais, deixem-me em paz ou desapareço.
1 comentário:
...quem tudo quer...
:-D
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