ANTES QUE A NOITE CHEGUE

(SOLILÓQUIOS E METAMORFOSES)
Se aparecesses agora comia-te. É assim que estou, animal faminto. Depois mandava-te embora, não querería ouvir mais palavras a pedirem aquela palavra nem perguntas sobre nós nem sobre o futuro. Isto não é bonito de se sentir mas é assim que me sinto, a tesão apoderou-se do meu cérebro e eu deixo. Podía descer a rua e encontrar-me com uma profissional, sei onde estão, já paguei uns cafés e uns galões a umas quantas, são vizinhas afinal, de quando em vez falam-me da vida, não da vida de putas mas das vidas normais de quem tem contas para pagar ou do filme que foram ver, gostam de filmes de amor com finais felizes, encrespo-me. Se aparecesses agora não te comia, ficaria com fome e com pena de ter fome e não comer, sei que quererías um final feliz.
Tive um sonho erótico, acordei dorido e indisposto, uma tesão por uma mulher que não faço a minima quem seja e enquanto o coito decorría debitava números de telefone. Paranóias. Nunca gostei de telefones e agora ainda menos. Estou confinado a resolver os meus problemas de sexualidade à mão, sinto-me um adolescente em florescência mas a cabeça obriga-me a refinar as minhas fantasias com calma, com imagens que se iniciam na sedução e progridem para preliminares requintados para culminarem na avalanche da ejaculação entre frases e ordens supostamente trocadas entre mim e eu. Ao menos a noite deixa-me a transgressão dos solilóquios.
Não me apetece, não vou atender, por um tempo vou precisar do tempo todo para mim, afinal que tempo é que eu podería partilhar com uma mulher que conheci outrora e agora me é uma estranha, o que nos une são as memórias de um tempo que se gastou diluído e trazê-lo até hoje sería uma excentricidade, lembrar que não me ligava pevide e eu era o estranho daquele ontem.
Não. Não me apetece forçar-me a lembrar de coisas que não me lembro nem de pessoas que não registo a existência porque agora eu sou outro. E até estes telefonemas de agora passarão a ser enganos em breve, esboços de desenhos que se perderam em anos para trás.
É tema de conversa entre os velhotes da tasca o tempo que passam sem dar a pinocada. Alguns entre dentes, murmuram que têm dias e dias que nem se lembram disso e passado um pouco afinam-se todos pelo mesmo tom. Eu devo ser diferente, lembro-me e sinto a falta, imagino e com a prática chego lá. Mas não é a mesma coisa, são prazeres diferentes, determinações diferentes. Faz-me falta passar dos olhos fechados para o presente à vista, mesmo que nas alturas primordiais me faça a presença fechar os olhos pelo gozo sublime da troca, sentir que dei, satisfaço-me no receber de dar. Não serei então tão velho ou terei então o imaginário tão fresco quanto o do descobridor da noite recém-chegada.
Atendi demasiado depressa, achei que era ela ou a colega de curso, nem vi, era engano, fiquei decepcionado, esperava uma das duas, fiquei surpreendido, já não se devem lembrar. Trabalhar está dificil, é do calor, da janela aberta, dos ruídos da vida a estalarem lá fora, da noite que demora a anunciar-se naqueles traçados inomináveis de cores que chamamos entardecer, lusco-fusco, quase-noite, a noitinha e outras barbaridades que nada têm de concreto. A noite não é concreta, porém de abstracta também não risca. E assim sendo... deve ser uma mulher, está bom de ver.
Num repente parece que me fartei de mulheres, do que elas arrastam, as complicações de que são feitas e o que pedem, pedem sempre mesmo que não abram a boca, exigem, extorquir até ao tutano ao ponto de me fazerem dizer que fiquei farto de mulheres. Desenho-as em fila, encho uma folha de rostos, seios, coxas, ventres, olhos, sexos, nada de boca, nada de dizeres, incompleto-as numa dimensão que não me satisfaz, a verdade é que lhes preciso de ouvir a voz, o ciciar, o risinho fino, dobro a folha ao meio e na amalgama que este poder do lápis me confere sinto a noite a consolar-me num corpo de mulher.
Telefone, não vejo quem é, não atendo, deves ser tu com nova estratégia, que triste não veres que já acabou, insistes, o telefone não pára, encosto-me ao parapeito, espero que apareça alguma vizinha para me dar conversa e abafar o som do telefone. Ninguém. Até os pombos desapareceram, sob o calor o tijolo dos telhados encarniça-se, também a minha paciência, e o telefone que não se cala! Ao longe o rio encandeia-me, cega-me, de repente é noite escura ao meio-dia a pino, o telefone queda-se finalmente, confirmo que eras tu, mas não eras. Não eras tu, não eras tu, que surpresa, era a colega de curso. Talvez lhe deva ligar, arranjar uma desculpa de que estava no duche, ou simplesmente que não ouvi o toque. Mas não ligo, não arranjo desculpas, estou cego até a noite abrir-me os olhos.
Ouvir-te os saltos como castanholas não faz andar o tempo para trás. Muito menos voltar a sentir a tesão que te tinha, por isso vens enganada, achas que deixares-te à entrada com olhar picante e blusa desapertada me leva a começar tudo de novo. Fechas a porta e encostas-te a ela, percebo a mensagem, agora não escapas, não escapo a quê, a nós, frases feitas, deixas cinéfilas, tenho uma coisa para ti muito mais insignificante, uma escova de dentes, estala-te o verniz, mandas-me enfiar a escova de dentes num sitio recondito e avanças para mim de mão em riste. Abro a porta, não és bem vinda. Sais. Mais uma escova de dentes para o lixo, embalada e tudo. De onde é que saiu tanta feiura?
Tenho uma escova de dentes que comprei na mercearia, novinha para te entregar e acabar de uma vez por todas com isto, quantas vezes já disse isto, mas não, tu teimas em querer arrastar este suplicio até se perder a dignidade toda que se teve durante os meses que estivemos juntos, leva a escova de dentes e não me moas, se esta é a tua bagagem agarra nela e vai à tua vida, desempatas a minha e ficamos todos contentes. E ainda ganhas uma escova de dentes a estrear. Sempre tive razão, rifa-se tudo naquela palavra, hás-de levar a tua escova de dentes para casa de outro e hás-de exigir que ele te diga o mesmo que me pedías a mim. Por isto tudo é que a noite é única, irrepetível.
O telefone, o telefone, onde está o telefone, odeio telefones, odeio ser acordado pelo telefone, estou enjoado, dói-me a barriga e a cabeça, e o telefone que não se cala. Surpresa: és tu, pensei que isto tinha ficado arrumado de vez, não tenho estaleca para as coisas que se arrastam e não me apetece mais falar contigo nem saber da tua vida nem remoer sobre coisas que eu não disse, já sei que o vais dizer, até morres se não o disseres, mudas de táctica, pedes a escova de dentes, qual escova de dentes, parece-me tudo sórdido neste despertar, devo estar a ter um pesadelo e misturo tudo, o passado recente e a bebedeira que ainda não se evaporou, insistes na escova de dentes que eu atirei para o lixo, digo-to, gritas, corro para a casa de banho e vomito, sinto-me aliviado, cansado e descansado por ter deitado fora o que me ía nas entranhas da alma. Antes que a noite chegue eu alcanço-a.
Mais um dia por fora, ou por dentro, passei grande parte sentado na tasca a ouvir histórias de putas que morreram de maneira trágica, um velho que assobia baixo e fininho Marceneiro enquanto bate com as pedras de dominó, pintas que assassinam o português e que no fundo criam um novo linguajar, vizinhas que insistem na namorada desaparecida e o grande problema na vida delas é não saberem o porquê. Isto misturado com o cheiro do óleo dos pastéis de bacalhau e das pataniscas, nunca comi melhor do que estes, o tinto que me escorrega e amanhã me há-de fazer azia. Lembro-me de velhos filmes e compito com o Ribeirinho e o Vasco, mas não chego aos calcanhares do Silva que tem resposta para tudo. Acho que estou bebedo mas não me sabe mal. Fora da tasca a noite, está mal disposta, não gosta de me esperar.
Saí porque precisava de comprar material, voltei logo. Quero guardar dentro da minha sala e só comigo, na mão um copo do meu vinho preferido, o sabor da surpresa que tive. Fui à Brasileira tomar um café, imperdoável saír para aquelas bandas e não beber o ambiente daquela casa. Estava ocupadissimo a tomar notas mentais dos que entravam e saíam quando ouvi o meu nome, era mesmo comigo, uma voz desconhecida. Não a reconheci de imediato, agora é loura, quando eramos colegas de curso era morenissima, novissima, boazissima e não me prestava atenção alguma. Nem sabía o que havía de dizer, limitei-me a responder por monossílabos, ela cheia de perguntas. E a rematar um convite, eu disse logo que sim, mas acho que as palavras me saíram por antecipação, nem sequer as pensei, quando dei por mim estava a concordar com uma estranha, eu também devo ser um desconhecido para ela. E agora aqui em casa, com o entardecer a escorrer pelas paredes permito-me lembrar como ela era, como é e tenho vontade de sorrir.
Ainda não me habituei a ter o tempo todo para mim. Não é que não tenha o que fazer mas acostumado a partilhar a atenção com ela agora descontrolo-me um bocado por achar que tenho sempre tempo e no final tenho que acabar por fazer as coisa à pressa. Agora também já posso ir ver as exposições todas mas não me tem apetecido saír de casa. Nem para ir ter com os amigos que durante o tempo em que estive com ela ficaram um pouco para trás. Talvez faça uma viagem, revisite alguma das cidades de que gosto mas só de pensar nos condutores de Domingo que andam por aí nas férias até me arrepio. Melhor ficar por aqui. Eu e a noite. Sempre fomos a melhor companhia um do outro.
Saio da minha colina, desço até ao rio. Talvez faça a noite chegar mais rápido. Talvez me faça parar de falar comigo mesmo e me leve para outras latitudes. Onde a noite não é profana e a minha loucura se dissolve pela madrugada. Mas não será isso o que acontece quando a janela aberta se torna uma mulher que me espera?
A vizinha apanhou-me encostado ao parapeito e metralhou-me de perguntas, tudo sobre o mesmo, a namorada, que é feito da namorada, não há namorada, que pena, fazíam um casal tão bonito mas num instantinho faz a agulha para o corte e costura, que quando a namorada começou a aparecer por aqui até pensavam (quem?) que era minha filha mas ela viu logo que aquilo não era mulher para o vizinho, e o vizinho sou eu e a mulher a namorada que ainda agora era fabulosa rápido me transformou num pedófilo incestuoso para no segundo imediato fazer-me de chulo que está-se mesmo a ver que não passou de uma mulher de má vida à procura de vida certa. Meto-me para dentro, ainda a ouço chamar-me. Atiro-me ao trabalho, desenho a vizinha, um velho, uma criança e uma puta. Só respondo quando a noite me abraça pelas costas.
Acordei com a sensação de ter corrido muito ou ter dormido a correr mas é uma mania, dormi o que sempre durmo. De volta ao estirador encara-me um carvão muito trabalhado na ponta dos dedos, sombras e contraste no fio carregado que deixa vestigios de pó acumulado. Desenhei-a. Não sei porquê, mas reproduzi a cara dela quando se voltava para mim naqueles repentes depois de eu lhe ter dado uma resposta desconcertante, é esse o rosto que guardo, uma traquinas de nariz empinado e com um pedaço do cabelo a caír-lhe sobre o sobrolho, a boca ligeiramente aberta deixando antever os dois dentes da frente a lembrarem-me duas chicletes ao alto. Enquanto estivemos juntos nunca a desenhei e até ignorei os pedidos velados dela para o fazer, não sei, não tinha vontade, achava descabido. Agora deu-me para isto. Foi ontem à noite, a noite é que deu nisto.
Estirador. Estirador. Estirador, já disse. Não consigo concentrar-me. Vejo o que quero desenhar à minha frente mas por uma qualquer razão o que sai não me convence, não me comove, não me apaixona. Parece que os bonecos fugiram para os quadrinhos de outro desenhador qualquer que estará de melhor humor do que eu. Já fechei a janela e já a voltei a abrir, fazem-me falta os sons com que vivo e que preenchem a minha vida, sem eles não são a minha vida, são uma qualquer emprestada. Não sei explicar. Hoje não sei nada nem sai nada. Também nada entra. Assim que a noite chegar vendo-me a ela, pode ser que a minha vida tenha algum préstimo.
Da presença dela restou um fio de cabelo que ficou preso no sofá, agarro-o, experimento a elasticidade, pouso-o sobre uma folha branca, é castanho escuro quase negro, comprido. Deixo-o voar pela janela aberta, há-de ir parar a um sitio qualquer onde se amontoam desperdicios de outras relações, sempre tive razão em não querer cultivar frases feitas sobre declarações que se costumam dizer entre um homem e uma mulher, eu sabía. Resume-se tudo no final, a um fio. Que se partiu.
Lá vens tu, não como ontem mas como sempre, os tacões a martelarem calçada, depois escadas, depois inquietos sobre o tapete de entrada. Ficas a olhar para mim, mãos na cintura, pergunto-me o que irá seguir-se, parece que medes forças comigo quando eu não tenho a minima intenção de travar combate algum, então chegou-te? Chegou-te, não percebo, ontem se te chegou, se me chegou o quê, aquilo que queres de mim, a única coisa que queres de mim, sexo, só sexo não é assim? Pronto, lá vamos nós. Pensei que esta plataforma estava ultrapassada, arrumada, esquecida. A partir deste instante é mais do mesmo, ruminas sobre coisas que se passaram há meses mas vem tudo desaguar nas tuas mini-férias, o gajo, a queca, a palavra, o compromisso, o medo, os traumas, os segredos, a idade, a puta de serviço, a fuga, a janela, a noite, as lágrimas. Sinto-me na condição de pagador pelo tesão de ontem. Peço-te que saias e não voltes mais. Nunca gostei de te ver chorar. Há coisas que não se sabem onde começam e porque começaram mas ainda assim o fim é incontornável.
Uma balda ontem mas hoje chegas, noc-noc na minha porta de mansinho, nem dei por ti nas escadas, pois não, os sandálias na mão, ainda não fechei a porta nem a boca da surpresa e tu abres o vestido e mostras tudo ou seja nada, só corpo, pele. Atacas-me, atiras-te ao meu pescoço, ferras-me a garganta, metes a lingua na minha boca, as mãos por dentro das minhas calças,estou parvo, nunca te vi assim tão ousada, deixo que faças de mim o que te apetece e sabe-me bem, pelo chão estão as roupas e nós, enquanto te balouças em mim pergunto-me o que irá acontecer de seguida, olhas-me de uma maneira estranha, fixamente, quem és tu que não conheço... Levantas-te, apertas os botões na frente do vestido, pegas nas sandálias e sais. Não te ouvi um ruído sequer, nada, nada. De repente parecías a noite a violar-me.
Entraste, saíste. Ontem foram mais os silêncios e os suspiros o que encheram a minha sala do que a tua pessoa sempre tão ruidosa, tão cheia de conversas banais que me deixavam uma zoeira na cabeça que por vezes só desejava que te fosses embora. Não percebo o que é que queres. Se calhar queres continuar comigo, vazar as tuas histórias comigo, sabes que não te censuro e isso agrada-te, claro que te agrada, mas parece-me que também te agrada o sexo com esse tipo que conheceste e como estás dividida esperas que a decisão seja do meu lado. Ficarías satisfeita se corresse contigo de vez, isso tranquilizava-te a consciência, desculpa lá mas a consciência é tua. E o corpo também. Além de que nunca exigi exclusividade, detesto compromissos. Ou será que é isso que queres? Que me tentas encostar contra a parede? Bom, encostar contra a parede faz-me lembrar algumas vezes que entraste aqui e não houve tempo para mais, foi de pé. Foi bom, muito bom, mas se até a noite se dobra em madrugada e depois amanhecer talvez seja uma boa altura para experimentar outras posições...
Eu não estou a alucinar, és mesmo tu e as tuas castanholas nos pés, não me mexo, se calhar ainda estou grosso dos tintos da tasca, campainha, és mesmo tu. Não me convidas para entrar, depende, eu vim e não foi para me zangar, entra. Entras e sentas-te na beirinha do sofá como se estivesses em casa de uma pessoa estranha a que se vai pela primeira vez, as pernas muito juntas, os pés colados um ao outro, vem-me à memória quando te afastava as pernas e te deslizava as cuecas até aos tornozelos e te olhava o sexo até te sentires incomodada, depois lambía-te e eras tu mesma que acabavas por te desembaraçar das cuecas que te atrapalhavam até te vires. Preciso de saber como é que estamos, como é que estamos?sim, como é que ficamos, se acabámos ou, diz-me tu, não sei, se tu não sabes que queres que te diga? Silêncio. Quase tão chumbo quanto a noite quando aqui chega.
Sinto-me doente, o vinho de ontem adoeceu-me. E também as conversas de tasca levadas para a tragédia dos homens e das mulheres, tudo à mistura com o sarro do barril e aquela palavra, até na tasca a falam e enchem a boca como se fosse mais um gole que tragam queimando-lhes as entranhas. Puseram-me doente com as perguntas que me fizeram, se não tenho mulher, o que é feito dela e na falta há sempre uma puta que faz um jeito na vizinhança que nem só do dinheiro elas vivem, também precisam daquilo, nem que seja por uma hora e sem serviço à lista e a pedido dizem-me aquela palavra quantas vezes eu quiser. Estou nauseado de tanto amor que me atiram à cara. Maldita palavra!
A noite e as noites, a noite fora da minha sala são noites novas, vejo os animais que da minha janela parecem homens e mulheres a dobrarem esquinas, só a sombra se lhes atrasa, imagino-os a chocar uns contra os outros pelo sobressalto do ângulo, depois cheiram-se, lutam pelo passeio empedrado ou acasalam. É tudo tão simples à noite. Deixei-me ficar na taberna à espera que ela saísse, não a quero ver, prefiro as invenções que se sentam e me arrastam nesta marca de copos sobre o mármore do tampo das mesas sujas nas palavras contadas de cor por quem entrou na noite e nunca mais saiu, falam-me dos animais da noite empurrados por vinhos azedos que os baralham, estou enjoado, quero vomitar, mas tenho medo que na golfada me saía o que acabei de ouvir.
Ouço-te os saltos na escada, não me está nada a apetecer levar contigo, pensei que a cena do telefone tinha bastado, a minha vontade é fazer de conta que não estou mas não me serve de muito, as cuscas logo te informam que eu estou, que deves insistir. Só espero que não faças aquela coisa irritante com os nós dos dedos na minha porta... Tocas a campainha. Boa! Já é um avanço! Mas mal abro a porta começas a acusar-me de todas as desgraças da tua vida, e que estás aqui porque homem algum te desliga o telefone na cara. Não te convido para entrares porque não te quero na minha sala mas tu já estás cá dentro, impressionante! O teu tom de voz é agreste e está a ficar insuportável. Não consigo conciliar a mulher com quem tive um sexo fantástico e esta que berra como num comicio. Não dá. Não tenho outra hipótese: Saio, eu espero a noite lá fora, há-de cair-me em cima como uma bebedeira que faz esquecer.